O Instituto de Investigação Agrária de Moçambique (IIAM) – Centro Zonal Centro está a conduzir um processo estratégico de desenvolvimento de novas variedades da cultura de mapira e milho, uma iniciativa que representa um avanço significativo no desenvolvimento de tecnologias agrícolas adaptadas às condições locais de Moçambique.
Melhoramento
de mapira adaptadas às zonas áridas semiáridas
Desde 2018, o IIAM, através do
sector de cereais da Estação Agrária de Sussundenga em parceria com a Agência
Internacional de Energia Atómica, tem implementado um programa de melhoramento
genético por indução (mutação), sendo esta a primeira experiência do género em
Moçambique para a cultura da mapira. A actividade insere-se no âmbito dos
ensaios de melhoramento da mapira usando a indução física, popularmente
conhecida por mutação genética. O ensaio já prossegue na terceira geração (M3),
onde possui cinco tratamentos, sendo 1 tratamento designado por testemunha ou
control (foi usado a variedade macia, que por sinal é a variedade submetida a
irradiação para obtenção dos mutantes, e 4 tratamentos constituídos pelas varientes
induzidas, divididos em dosagens de radiação gama de (100, 200, 300 e 400 Greys)
grays- unidade que mede a quantidade de raios gama em um objecto físico, nesse
caso nas sementes da variedade macia.
Mutação genética por irradiação é
uma técnica utilizada na agricultura para induzir alterações no material
genético (DNA) de um organismo, com o objetivo de obter características
desejáveis que pode se traduzir como maior resistência a doenças, tolerância à
seca ou melhor produtividade para além das alterações fenotipicas.
A mutação por irradiação consistiu na exposição controlada das sementes da
macia a radiações ionizantes, com raios gama. Essas radiações causam mudanças
no DNA, que podem gerar mutações aleatórias. Algumas dessas mutações resultam
em traços vantajosos. O objectivo principal da pesquisa é de libertar
variedades de mapira que sejam tolerantes à seca severa, e resistentes a pragas
e doenças, uma necessidade urgente diante das mudanças climáticas.
Esta tecnologia apresenta múltiplas vantagens em relação ao melhoramento convencional, destacando-se pela redução no tempo para libertação de uma nova variedade e pela não necessidade de sincronização floral. Espera-se que no próximo ano haja resultados promissores e notaveis que consolidem este esforço inovador.
Preparação para libertar novas variedades de mapira
O processo de libertação de variedades da cultura de
mapira pelo IIAM irá representar um avanço significativo na disponibilização de
mais opções para o agricultor moçambicano. No âmbito do acompanhamento dos
ensaios de Valor de Cultivo e Uso (VCU) da cultura da mapira que esta sendo
conduzido na Estação Agrária de Sussundenga, envolvendo técnicos do sector de
cereais e produtores locais. Passos significativos está a ser dado no ensaio
composto por 32 entradas, dentre eles algumas variedades comerciais (provenientes
do IIAM, de países da África austral e oriental), sendo as e como testemunho as variedades libertadas
pelo IIAM) e novas linhas promissoras desenvolvidas em parceria com
melhoradores moçambicanos e de outros países africanos parceiros. O ensaio tem quatro
(4) blocos e duas (2) repetições. No âmbito de monitoria e acompanhamento dos
ensaios, foram feitas avaliações preliminares dos parâmetros agronómicos, onde
os produtores, investigadores e outros intervenientes tiveram a oportunidade de
seleccionar ou escolher três (3) linhas promissoras que apresentassem
características fenotípicas superiores.
O ensaio de Valor de Cultivo e Uso
(VCU) é uma etapa fundamental no processo de avaliação de novas variedades
agrícolas. Trata-se de um conjunto de ensaios agronómicos e tecnológicos que
têm como objectivo demonstrarem se uma nova variedade que apresenta vantagens
práticas superiores em relação às já existentes. Valor de Cultivo e Uso (VCU),
uma etapa essencial para garantir que as variedades propostas apresentem
desempenho agronómico superior.
A avaliação das plantas ocorreu com
base em diversos parâmetros morfológicos e agronómicos, como o diâmetro do
colmo, altura da planta, abertura da panícula, inserção da panícula, cor do
grão, cor da gluma, número de afilhamentos, número e tamanho dos grãos, entre
outros. Após anos de trabalho, é chegado a fase final de avaliação multilocal
para que uma nova variedade possa ser libertada, registada e comercializada
oficialmente.
Com esta iniciativa, o IIAM reforça o seu compromisso com a segurança alimentar, promovendo o uso de variedades mais produtivas e adaptados às realidades agroecológicas de Moçambique.
Melhoramento de milho tolerantes/resistentes a Striga
Apartir de 2015, o IIAM pela primeira vez, através do
sector de cereais da Estacão Agrária de Sussundenga em parceria com a Agricultural Productivity Programme for Southern Africa
(APPSA) e IITA-Nigéria, tem implementado um programa de
avaliação de genótipos de milho tolerantes/resistentes a Striga asiatica
na perspetiva de libertação de algumas variedades tolerantes a Striga em
Moçambique como alternativa viável para mitigação deste problema que afecta a
maioria dos produtores familiares na zona centro e norte de Moçambique.
É neste preâmbulo que em 2021 inicia um novo programa paralelo de melhoramento de linhas nacionais de genótipos tolerantes/resistentes a Striga provenientes do IITA, Ibadan-Nigéria, o sector conseguiu obter genótipos para o início do programa ao nível de Moçambique em particular em Sussundenga como centro piloto desta actividade de melhoramento dentro do programa nacional de milho do IIAM. Neste contexto até a campanha 2024/25 foram criadas 250 linhas da geração S1 do milho do tipo branco e 200 linhas da geração S1 do milho tipo amarelo, que serão usados na próxima campanha para avançarem para a geração S2. O objectivo deste programa do melhoramento convencional é de criar variedades inteiramente nacionais tolerantes/resistentes a Striga asiatica e manter o banco de germoplasma do milho de linhas tolerantes a Strigas que poderão servir para futuros programas de melhoramento em Moçambique.
Estacao Agraria de Sussundenga